A governadora do estado de Nova Iorque, Kathy Hochul, anunciou na semana passada que boa parte dos Terminais 1, 2 e 3 do antigo Aeroporto Internacional John F. Kennedy no Queens serão completamente remodelados conforme um projeto que prevê um orçamento inicial de aproximadamente 9,5 bilhões de dólares. Com o início das obras planejado para o ano que vem, o primeiro dos 23 portões de embarque do novo Aeroporto Internacional de Nova Iorque deverá entrar em operação já em 2026. Chamado de Terminal One, o primeiro e maior terminal do novo JFK cobrirá uma área total aproximada de 220 mil metros quadrados e, de acordo com um comunicado à imprensa do Gabinete da Governadora, “este será um dos melhores e mais modernos terminais aeroportuários do mundo.”
Planejado inicialmente para ser concluído até 2030, o cronograma de obras do novo Aeroporto Internacional John F. Kennedy poderá ser revisto a medida que a pandemia continua a evoluir, a medida que a atual situação tem impactado decisivamente na maneira como viajamos e nos deslocamos pelo território. O projeto de arquitetura e construção do novo Aeroporto Internacional de Nova Iorque está sendo desenvolvido em parceria pela Tishman—uma subdivisão da gigante global de engenharia AECOM—e a Gensler. Uma vez iniciados os trabalhos no local, acredita-se que a obra poderá gerar mais de 10.000 novos empregos, incluindo 6.000 vagas apenas no ramo da construção civil.
As Autoridades Aeroportuárias de Nova Iorque e Nova Jersey estão trabalhando em estreita colaboração com o Conselho Consultivo do Aeroporto JFK para garantir que o projeto de remodelação e construção contemple a participação e envolvimento da comunidade local, fornecendo “oportunidades significativas” para as empresas locais, moradores, estudantes, e profissionais. Conforme detalhado no plano de ação do projeto, esses esforços incluem um programa de geração de empregos da Autoridade Portuária que pretende “dedicar até 30 por cento das vagas de emprego a empresas geridas por minorias e mulheres em todas as frentes de trabalho, focando especialmente nas oportunidades para pequenas empresas sediadas na região, sendo que todos os trabalhadores da construção civil envolvidos com a obra deverão estar associados aos seus respectivos sindicados e com contrato de trabalho válido e regulamentado.”
A construção do novo terminal será financiada pelo The New Terminal One (NTO), um consórcio formado por três empresas de investimento em obras públicas: a Carlyle, a JLC Infrastructure e a Ullico. Paralelamente, a operação e gestão do Aeroporto JFK ficará por conta da Reach Airports, uma iniciativa conjunta entre o Aeroporto Internacional de Munique e a CAG Holdings—parceiros da NTO. Somado a isso, o conjunto de empresas responsáveis pela reconstrução do Novo Aeroporto Internacional de Nova Iorque firmou recentemente um acordo de arrendamento com a Autoridade Aeroportuária das cidades de Nova Iorque e Nova Jersey, um processo que agora aguarda a deliberação oficial do Conselho gestor. Dito isso, o aporte financeiro da NTO para a construção do novo Aeroporto JFK no Queens representará o maior investimento privado da história dos Estados Unidos em um projeto de infraestrutura desta categoria.
“Enquanto ainda estamos buscando nos recuperar da crise gerada pela pandemia, queremos garantir que todos os viajantes que chegam a Nova Iorque possam usufruir de uma experiência simples e acolhedora, e que os nova-iorquinos tenham à sua disposição a infraestrutura que merecem”, disse a governador do Estado de Nova Iorque Kathy Hochul. “A hora de investir em grandes projetos de infraestrutura é agora, e estamos muito determinados em colocar o novo Terminal One do Aeroporto Internacional JFK em operação o mais rápido possível.”
Como a governadora deixou subentendido, a ideia de construir um novo terminal internacional junto ao atual complexo do Aeroporto JFK não é algo novo. As obras no Terminal One estavam inicialmente planejadas para começar ainda em 2020, mas o antigo projeto acabou sendo arquivado devido ao “severo impacto” causado pela pandemia no setor da aviação naquele ano. A partir dai, os termos do acordo entre a NTO e a Autoridade Portuária tiveram que ser completamente revistos. O anúncio do novo acordo “reflete um voto de confiança do setor privado no futuro do Aeroporto JFK, manifestando um retorno das viagens aéreas e uma consequente recuperação econômica em toda a região”. Além disso, “o novo projeto para o Terminal One representa um grande passo em direção ao ambicioso plano de transformação do Aeroporto JFK em um modelo de infra-estrutura de transporte do século XXI”, conforme informe publicado pelo Gabinete da Governadora.
“A Autoridade Aeroportuária está empenhada em reconstruir e transformar muitos de nossos aeroportos em novos modais de transporte de primeiro mundo. O projeto para o Novo Terminal One do JFK vem para honrar esse compromisso”, acrescentou o diretor executivo da Autoridade Aeroportuária, Rick Cotton, em comunicado oficial. “No auge da pandemia, quando o Aeroporto JFK chegou a operar com apenas dois por cento de toda a sua capacidade, nunca pensamos que a transformação anteriormente planejada seria de fato concretizada em um período de tempo tão breve.”
Contemplando uma série de novos usos e programas, amplos espaços verdes internos e externos assim como áreas comerciais e restaurantes, o novo Terminal One “incorporará o que há de melhor e mais recente em matéria de sustentabilidade na construção além de contar com um sistema de segurança infalível—tudo isso preservando a identidade de lugar do histórico aeroporto de Nova Iorque.” Wi-Fi de altíssima velocidade estará disponível para todos os visitantes de forma gratuita e segura, luz natural abundante, arte pública e espaços abertos amplos e arejados estão sendo apresentadas como recursos exclusivos do novo JFK. Sistemas de gerenciamento de filas e pistas TSA equipadas com análise de pesquisa de vídeo avançada, sistemas biométricos e muito mais, farão deste um dos aeroportos mais modernos do mundo. Além disso, o “projeto foi concebido de forma flexível para poder acomodar e se adaptar às novas tecnologias que fatalmente surgirão no futuro próximo.” Critérios de sustentabilidade são elementos fundamentais no projeto do novo terminal, incluindo sistemas de aquecimento solar assim como a completa substituição da frota de veículos a diesel por novos equipamentos elétricos.
Trabalhando em parceria com o consórcio privado, a Autoridade Aeroportuária entrará com um investimento na casa dos 2,9 bilhões de dólares, o qual deverá ser utilizado para atualizar boa parte da infraestrutura existente, como as ruas de acesso e calçadas, as áreas de estacionamento, serviços públicos e muito mais. Além disso, a Autoridade Aeroportuária se comprometeu a remodelar uma zona de cerca de 50 hectares, a qual abriga hoje “o subdimensionado e desatualizado” Terminal 1, o qual foi concluído em 1998 segundo projeto de William Nicholas Bodouva + Associates. O acordo firmado entre as partes também inclui a remodelação do Terminal 2, um edifício um pouco menor construído em 1962 e que atualmente serve como base da Delta Airlines, mas que deverá ser totalmente desocupado até o final do próximo ano, e o local onde antes existia o Terminal 3, uma estrutura icônica de 1960 demolida em 2013-2014 para dar espaço ao projeto de expansão do Terminal 4, também utilizado pela Delta. A demolição do antigo Terminal 3, a histórica casa da Pan-Am Worldport, semelhante a um disco voador, foi duramente criticada pela comunidade de preservacionistas, sendo destaque na lista dos 11 edifícios históricos mais ameaçados dos Estados Unidos no ano de 2013. O local atualmente é utilizado como um estacionamento de aeronaves.
Como mencionado anteriormente , a construção do Terminal One será a maior e mais cara obra já concluída no Aeroporto JFK, incluso considerando o projeto de expansão do Terminal 4, o qual custou cerca de 1,5 bilhões de dólares. O investimento recentemente aprovado de 3,9 bilhões de dólares para o novo Terminal 6 e a expansão contínua de 425 milhões de dólares do Terminal 8, liderada pela American Airlines e British Airways, fecham a conta de todo o investimento que está sendo feito no Aeroporto Internacional JFK de Nova Iorque.
Este artigo foi publicado originalmente em The Architect's Newspaper.